PUBLICADO EM OUTUBRO 19, 2021 | ATUALIZADO EM OUTUBRO 19, 2021
O neurocientista Alysson Muotri, um dos principais estudiosos do canabidiol (CBD) no mundo é um dos colaboradores da monografia que está sendo elaborada para o lançamento do EpileafCBD, primeiro produto da WeleafDNA.
O convite foi feito pela diretora científica da empresa, Vanessa Nunes de Paiva. “Acreditamos na importância do desenvolvimento científico, por isso, reconhecemos o trabalho desenvolvido por cientistas como o Alysson Muotri”, explica.
Segundo
ela, a monografia tem o objetivo de levar informações e conhecimentos aos
médicos, sobre o poder terapêutico do canabidiol e auxiliar nas
prescrições aos pacientes que necessitam do tratamento.
O EpileafCBD é
produto 100% natural e orgânico, com alto grau de pureza. A qualidade e
segurança é certificada pela Kaycha Labs, laboratório norte-americano,
referência em testes com cannabis em toda a América.
O EpileafCBD será
comercializado no Brasil, com base na RDC nº 335/2020, que permite
a importação desse produto, com autorização da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, a Anvisa.
Estudos com o canabidiol
O
neurocientista Alysson Muotri é brasileiro e radicado nos Estados
Unidos. PhD em genética pela Universidade de São Paulo (USP), Alysson,
lidera um grupo de estudos na Universidade da Califórnia, em San Diego, que busca
maiores evidências sobre os benefícios da molécula para o tratamento do
autismo.
Os trabalhos foram iniciados em 2019 com o recrutamento de 30 autistas “severos” de 8 a 14 anos e sem epilepsia. O estudo em andamento é chamado de duplo cego. Cada família recebe o tratamento por 6 meses, sem saber se o autista está tomando CBD ou placebo.
Depois de 6 meses, o medicamento é trocado novamente sem o conhecimento da família. “Estudos duplo-cego são importantíssimos, especialmente em ensaios clínicos para autistas, aonde o efeito placebo é muito forte”, comenta.
Paralelamente,
o grupo desenvolveu uma espécie de avatar cerebral, ou mini-cérebros, derivados
de cada pessoa autista. Alysson explica que são estruturas neurais
tridimensionais, criadas a partir de células-tronco reprogramadas da pele da
pessoa, e que mimetizam de forma simplificada o funcionamento do cérebro. Após
sua criação, os cientistas fazem o tratamento do CBD nos avatares.
“Esse modelo de estudo permite fazer o que seria impossível num ensaio clínico tradicional: analisar diretamente como os neurônios de cada individuo respondem ao medicamento”, disse.
O estudo ainda conta com plataformas tecnológicas como eye-tracking ou balance-detection devices, que podem fornecer dados precisos sobre o comportamento autista de forma não-invasiva. Há também coleta de informações junto à família e a terapeutas que interagem com a criança.
“Esse estudo nos permitirá ir além da pergunta inicial se o CBD auxilia ou não autistas. Esperamos responder também “como” e “por que”. Será um passo importante para um futura personalização de tratamento para cada autista”, explica.
A previsão é que os resultados desses estudos sejam divulgados nos próximos anos e colaborem para uma futura aprovação do canabidiol como produto médico controlado para o autismo pela FDA (Agência de Controle Americana).
Uma
possível aprovação poderia influenciar outras agências regulatórias no mundo
[inclusive a Anvisa] a autorizar o uso do CBD para esse fim. No Brasil
estima-se que existem cerca de 2 milhões de autistas, informa o Ministério da
Saúde.
Confira
abaixo o bate-papo que Vanessa Paiva teve com o pesquisador Alysson R.
Muotri:
Vanessa:
Quando e como começou sua jornada na pesquisa do uso do CBD ?
Alysson: Trabalho com CBD e neurodesenvolvimento desde 2013. Entrei nessa pesquisa após ouvir relatos de familiares que estavam usando o CBD para autismo e controle de convulsões.
Vanessa: Qual sua maior motivação em fazer pesquisa no uso do CBD na melhoria da qualidade de vida de pessoas que manifestam o espectro autista?
Alysson: O potencial do CBD é enorme. Apesar de ainda não termos confirmação científica que ele funciona para autismo, se funcionar será uma imensa ajuda para essas famílias. Além disso, o CBD tem pouco efeito colateral em comparação com outras medicações usados para autismo.
Vanessa: Que legado você espera deixar com sua pesquisa?
Alysson: Acredito
que o legado da nossa pesquisa será em obter dados confiáveis sobre o uso de
CBD para autismo, descobrir como e por que ajuda, e definir o mecanismo
molecular de ação do CBD em neurônios humanos.
Por
Marcius Ariel - Jornalista